Sofrimento é um dos aspectos mais relevantes de nossa vida. Somos capazes de encontrar, e as vezes, buscar arduamente, mil motivos para justificar nossa vida sofrida. Ou, você já sentiu “vergonha” ou “desconfortável” em momentos de felicidade, culpa mesmo?
Gostaria de falar sobre este tema aqui, sob a ótica Budista, então vamos lá voltar atrás no tempo …..
Fazia umas semanas que Gautama havia passado pelo processo de “Iluminação”. Ele ainda se sentia relutante sobre o que fazer, se devia sair falando sobre sua experiência. Lembra da Jornada do Herói – Joseph Campbell? Para uma jornada ser uma jornada, algo precisa ser “trazido” de volta ao ponto onde se inicio a jornada.
Então, lá estava Gautama, agora Budha (o Iluminado), com seus cinco companheiros de jornada, em Sarnath, India. O assunto? Sobre o que ele havia se dado conta. O que o havia levado à sua experiência de Despertar.
E ele compartilhou algo muito importante! Compartilhou como uma ferramenta para nos ajudar neste processo. Mas antes de continuar gostaria de falar um pouco como isto acabou nos chegando.
O discurso de Gautama foi simples e objetivo, entretanto o Despertar tornou-se um conceito bem diferente.
O Despertar tornou-se uma experiência mística, um instante de transcendência, e neste instante é revelada a Verdade Absoluta. Sistemas se “apossaram” de fatos concretos da vida e o transformaram em sacralidades, para poucos e quase impossíveis de serem alcançadas.
E assim, conceitos, advindos de experiências de um ser, ou seres, que alcançaram uma visão mais integrada na Unidade do Todos, nas mãos de outros, foram usadas para criar estruturas que hoje chamamos Religiões. E infelizmente, de um modo geral, motivo de discórdias, competições e até mortes em nome de uma “verdade absoluta”.
Chega de adiar, vamos ao discurso de Gautama, o agora Budha!
A trilha que ele encontrou e seguiu , voltou para contar e ensinar, são, nas palavras dele, “Quatro Nobres Verdades”.
Antes de mais nada é bom identificar e “aceitar” o Sofrimento. Não, não adianta, justificar ou tentar terceirizar ….. não vai adiantar nada ….. muita experiência própria!
Resista a se entregar! Passou pela primeira etapa?
Origem. Aqui entendo que não é necessário mergulhar nas profundezas do seu inconsciente, consciente, vidas passadas ou o que seja ….. se quiser, vá mergulhe, mas não sinto necessário. O que fazer então?
Compreender (abraçar) a origem do seu sofrimento (frustração, decepção, mágoa, raiva, indignação). Bom significar esta emoção e ….. NÃO SE IDENTIFICAR com ela. DEIXAR IR. DESAPEGAR!
Emoções fazem parte de nossa vida, nosso crescimento pessoal, mas como toda relação mestre-aprendiz, ela vem, mostra algo, ensina e parte. E nós ….. superamos o mestre ….. chama-se crescimento. Viver o Momento Presente.
A Cessação, etapa seguinte é Ação, o que fazer, se chegamos até aqui. Vamos lá! Sentir a emoção, não se identificar mas acolher. Fundamental, perceber qual o estímulo que desencadeou a emoção. Sinceridade hem?
Atenção ao nível de identificação, transcenda a identificação. Dá para resolver de alguma forma? Ótimo! Vamos articular com nossa preciosa mente uma solução, uma ação, uma conduta, uma atitude. Não dá para resolver? Ótimo também. Como assim? Vejamos, certamente deu para aprender algo, nem que tenha sido se manter Presente no Momento.
Não confundir com fuga ou estado de alienação! Falamos de Ação, mas muitas vezes a não ação é o melhor a se fazer em determinado momento. Mas é importante estar consciente do que sentimos, do que aprendemos, dos gatilhos.
O Caminho se refere à pratica. Não adianta ler a respeito, pensar em fazer, fazer uma vez. É preciso a constância, a disciplina. Não se trata sequer de ser bem sucedido ou não. Ler todos os livros sobre técnicas, praticas e experiências de natação, não nos farão nadadores! Mas certamente a pratica com disciplina sim!
Depende de nós. Vamos passar por todas as etapas, ou seja, quase nos afogar, medo de fracassar, medo de encarar, pequenas vitórias, grandes enganos, mas chegaremos ao ponto de manter o nosso controle na água.
Vamos saber nos conduzir na água. Teremos controle sobre nosso corpo, movimentos, respiração. Teremos consciência de quem somos e do que estamos fazendo. Deu para entender?
Vamos levar esta Quatro Nobres Verdades a todos os setores de nossa Vida.